segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Tragédias Naturais



Olá pessoal, o título é um tanto quanto forte, mas, diz respeito ao texto que irei postar. Estamos chegando perto do aniversário da tragédia que aconteceu em janeiro desse ano em Teresópolis no Rio de Janeiro e várias perguntas ainda ficam no ar. As pessoas que perderam suas casas, continuam sem casas e eu diria que sem perspectivas também, já que as soluções apresentadas ainda não foram concluídas. Atentem para esse texto que aborda esse e outros problemas de ordem ambiental. Boa leitura.

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Ambientalista diz que tragédia é resultado do desrespeito à Mata Atlântica


Tragédias como a que ocorreu nas cidades serranas do RJ são na mais que o resultado do processo de ocupação da Mata Atlântica. A afirmação é da escritora e ambientalista Anne Raquel Sampaio, que mora no Parque do Imbuí, um dos bairros mais afetados pela catástrofe em Teresópolis. "Nós não estamos aqui simplesmente sobre o solo de Teresópolis, e sim sobre o solo da Mata Atlântica, um bioma que precisa ser mais respeitado", diz a escritora.


Como muitos cariocas, ela se mudou há 25 anos para a cidade serrana fugindo da violência urbana do Rio e em busca de paz e de contato com o verde. "Na época, o clima era mais frio e a cidade tinha menos favelas e menos gente". Com o passar dos anos, além da favelização, houve uma ocupação maior das margens dos rios, com uma grande devastação da mata ciliar. Anne Raquel, que faz pesquisas sobre a água, alerta para o problema da falta de esgotos na cidade. "Como a maior parte das cidades brasileiras, Teresópolis foi construída às margens de um rio, o Paquequer, hoje um grande esgoto atravessando a cidade. Esse rio às vezes fede, mas, a população faz de conta que esse fedor não existe."


Segundo a ambientalista, a tragédia atual mostra que o risco da ocupação irregular é o mesmo para ricos e pobres, já que condomínios de alto luxo e de classe média também foram igualmente atingidos. Ela chama a atenção para o fato de que a propaganda imobiliária desses condomínios não corresponde à realidade. "Você não pode construir uma mansão sobre uma encosta que é linda e dizer que aquilo ali é ecológico só porque algumas árvores foram preservadas. Na verdade, aquela área não deveria ser ocupada, nem por mansão, nem por ninguém. As pessoas que constroem essas casas sonham com um mundo melhor para elas, mas, não param pra analisar que esse mundo melhor precisa, antes de tudo, que a gente respeite a natureza". É preciso reconstruir a cidade, partindo do princípio de que ela está sob o sólo da Mata Atlântica, que tem características próprias e é responsável pelo abastecimento de água de mais de 80% da população brasileira, diz a ambientalista. "A água precisa caminhar, chegar ao mar. Se a gente constrói em cima do caminho da água, ela vai achar esse caminho de uma forma ou de outra".


Emocionada com a tragédia que presenciou, Anne Raquel acha que a solução não pode ser apenas técnica: "a questão ambiental só vai ser resolvida quando a gente olhar tudo isso com o coração, pensar em como impedir que as crianças morram porque usamos os recursos públicos para tudo, menos para cuidar da natureza".


Autora de seis livros infanto-juvenis baseados em mitos indígenas e focados na temática ambiental, Anne Raquel concluiu a obra mais recente justamente no dia da tragédia. "Na história Os filhos da Senhora das Águas, Iara está ficando cega e pede ajuda para enfrentar uma grande tempestade. O tragicômico é que assim que eu acabei de escrever o livro aconteceu esse desastre horrível". (Fonte: Paulo Virgílio / Agência Brasil).

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