terça-feira, 20 de abril de 2010

Os superpoderes dos vaga-lumes

As pesquisas confirmam: eles podem ser muito úteis para a ciência.


Quem diria que o vaga-lume, aquele pequenino inseto que tem o incomum hábito de emitir luz à noite, pode ser um poderoso aliado da ciência? Pois foi essa conclusão a que chegaram os pesquisadores que estudam esses insetos. Eles descobriram que os vaga-lumes têm substâncias poderosas que podem ser úteis de diversas formas, como retardar o envelhecimento, ajudar na procura de vida no espaço e até auxiliar a verificar se um determinado espermatozóide tem alta fertilidade. Na base de tudo está o pisca-pisca do vaga-lume, ou a bioluminescência, no jargão dos cientistas. Esse fenômeno é o resultado de uma reação bioquímica que ocorre nos fotócitos (células especializadas em emitir luz) do inseto. A luz acende pela combinação de quatro fatores: o oxigênio, a energia armazenada nas moléculas de ATP, ou trifosfato de adenosina (uma importante substância presente nas células de todos os seres vivos), a ação de uma enzima catalisadora, conhecida como luciferase, e a presença de um combustível chamado luciferina. O oxigênio, enviado aos fotócitos, passa a reagir com a luciferina e com a enzima luciferase. Da reação entre essas duas substâncias surge a oxiluciferina no estado fluorescente, que libera energia na forma de luz.



Pois foi justamente a luciferina dos vaga-lumes que chamou a atenção de um grupo de pesquisadores do Instituto de Bioquímica da USP. Eles demonstraram que essa substância pode servir de modelo para a fabricação de novos remédios contra o envelhecimento. Na verdade, essas drogas entrariam no combate aos radicais livres, espécie de sobra do oxigênio utilizado na respiração e que é nociva aos seres vivos. Os cientistas descobriram isso ao perceber que o vaga-lume, ao emitir seus lampejos de luz, elimina todas as sobras de oxigênio de sua respiração. "No inseto, a luciferina funciona como um antioxidante natural contra os radicais livres. Se conseguirmos imitar sua estrutura, podemos chegar a uma nova droga antioxidante", explica o bioquímico Etelvino Bechara, coordenador do grupo de pesquisadores do Instituto de Química da USP. Bechara esclarece que, assim como ocorre com os vaga-lumes, o organismo humano também produz radicais livres. Essas moléculas reagem com substâncias vitais à sobrevivência das células, como proteínas, lipídios e o próprio DNA (código genético) e provocam o envelhecimento e aparecimento de várias doenças, como catarata, artrite, os males neurodegenerativos de Parkinson e Alzheimer, problemas cardíacos e até câncer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário